2008-03-15

Obrigado, Camacho!

Haja quem saiba o que é honra.
Haja quem saiba o que é postura profissional.

Nas duas passagens que teve pelo Benfica, o treinador espanhol deparou-se sempre com um adversário institucional muito grande; mas, de cada vez, o adversário não foi o mesmo.



Da primeira vez, faltou dinheiro... e apareceu o Real Madrid a chamar.
Não chegaram os jogadores que o treinador pretendia e, apesar de não se fazerem omoletes sem ovos, o desempenho foi meritório (na sombra do FCP de Mourinho) e criou-se uma equipa que viria a ser campeã em 2004/05, já sob a batuta de Trapatoni.

É inquestionável que Camacho tem perfil para gerir homens (mesmo algumas primas donnas que povoam amiúde o plantel do "Glorioso") e também é indubitável que de futebol também percebe... como se viu no Mundial da Coreia/Japão, onde só vergonhosamente foi eliminado pela equipa da casa (lembram-se de dois golos limpos?) nos penalties.

Desta vez, diga-se, foi um lobby de jogadores.
Terá sido?... Mesmo ?!!!

Parece que o treinador espanhol terá alguma culpa ao aceitar a proposta de trabalho sem ter feito o planeamento da época (altura em que poderia ter definido o plantel, entre outras tarefas organizativas) e saindo antes do fim da mesma, mas...

É inadmissível que o nível de empenho que certos jogadores têm seja deixado passar em claro pela Organização. E como a Direcção não pune (nem dispensa) esses jogadores, é o homem do leme que se manifesta, indicando que o barco não tem condições para chegar a bom porto... o que é verdade, dado estarmos ainda no Inverno e a melhor perpectiva é vencer a Taça de Portugal e ficar em segundo no Campeonato (onde a luta se trava com Sporting, Setúbal e Guimarães - não por esta ordem).

Fartos de sugestões vindas da bancada, os homens que se põem ao leme do navio encarnado, depressa procuram outras margens, outros portos, outras paragens, porque o Benfica não consegue sequer manter um timoneiro nem sequer manter boas relações com os antigos timoneiros (excepção feita a Eriksson, Toni e... Camacho, vá!).

Treinadores e jogadores de grande qualidade embarcariam em qualquer projecto que não fosse minado pelas 'tricas' de atletas que querem garantir o soldo sem trabalho; creio que todos os treinadores gostam de qualidade, mas apreciam claramente a dedicação... exemplos: Claudio Pitbull (emprestado pelo Porto ao Setúbal), Christian Rodriguez (emprestado pelo Paris St-Germain ao Benfica), Grimi (emprestado pelo AC Milan ao Sporting), entre outros. Lembram-se do Kuffour a chorar após a derrota nos descontos contra o Man Utd para a final da Champions?

A este Benfica, falta com certeza a classe de jogadores como Rui Costa, mas falta igualmente a dedicação de outros como Mantorras, jogadores que cativam o público e que fazem da Luz um "inferno". Hoje, quem estremece na Luz? Quase ninguém (nem mesmo o "lanterna vermelha"). E quando o treinador é considerado um adversário (quiçá à manutenção do status quo), o lobby encarrega-se de devolver a ordem, pondo as prioridades no lugar... ou seja, a instituição em último lugar.

Sem utopia ou saudosismo, facilmente se recordam jogadores como Carlos Manuel, Veloso, Álvaro, Jonas Thern, Mozer, Amaral, Isaías ou Preud'Homme que representam diferentes eras em que, com maior ou menor qualidade futebolística, se encontravam jogadores que "deixavam a pele em campo" ou, como o Carlão disse antes de uma célebre viagem até Estugarda, o grito era: "há que comer a relva". Logo ele, sportiguista assumido.

Por tudo isto a frase "jogar à Benfica" está em desuso.
Agora, todos querem "jogar à Porto"... os resultados estão à vista.

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