2006-12-01

A lei do mais fraco (parte 2)

E eis que acontece de novo. Tal como tinha acontecido no derby da Segunda Circular de Janeiro passado, o visitante e equipa que teoricamente estaria mais em baixo, venceu sem problemas. Com alguns sobressaltos como a inesperada lesão de última hora de Karyaka, mas sem problemas.

festejos...

O Sporting, a dois pontos do líder, Porto, tinha uma boa oportunidade para se colocar, ainda que provisoriamente, na liderança e deixar o Benfica a 10 pontos e praticamente arredá-lo do título, se bem que ainda haja um Benfica-Belenenses em atraso da 1ª Jornada para acertar contas.

O estádio esteve bem composto, mas não cheio, tendo (oficialmente) 44042 espectadores pagantes.

Num primeiro instante, o Sporting não teve direito a respirar; ainda se jogava o minuto 2 e já o Benfica se colocava à beira de marcar, com Nuno Gomes a aparecer a cabecear para um defesa segura de Ricardo para canto. Canto esse, já no minuto 3, que deu a Ricardo Rocha oportunidade de se antecipar a Anderson Polga e inaugurar o marcador em casa do adversário. Estava feito o 0-1.

Este golo re-desenhou o jogo. O Benfica, com dois médios defensivos mais experientes que velozes (Petit e Katsouranis) encolheu o campo perto da sua área e "obrigou" o Sporting a jogar pelo meio ou a bombear para a área, uma vez que nunca conseguia abrir a defesa ou chegar à linha de fundo. Resultado, um lance de perigo de Carlos Bueno que Quim parou bem e pouco mais.

Houve um canto em que Nani cabeceou por cima e um lance dentro da área em que Miguel Garcia ainda tentou iludir o árbitro em disputa com Simão, mas ó árbitro nem deu atenção suficiente; se o tivesse feito, Miguel Garcia teria um amarelo com toda a certeza.

O Benfica oferecia a bola ao Sporting (posse de bola, 60% - 40%) e só atacava pela certa quando Miccoli, Simão ou Nuno Assis tinham vantagem. Miccoli este muito vigiado mas foi decisivo pouco depois do minuto 35, quando após um canto a favor do Sporting e saída rápida do Benfica para o ataque, segurou a bola até ao sprint de Nuno Assis criar uma situação de 4-para-3; com Nuno Gomes mais adiantado e Assis a passar perto em corrida para o flanco esquerdo, o italiano fez um passe rasgado para a direita colocando Simão frente-a-frente com Custódio. Simão passou facilmente pelo médio adversário à entrada da área e rematou cruzado e rasteiro para o 0-2.

Minutos antes, o Benfica já havia ameaçado num lance semelhante em que teve de ser Romagnoli a ceder canto num recuperação defensiva para evitar que Simão se isolasse. E depois do golo, o Sporting desapareceu: o Benfica ainda enviou uma bola à barra, após jogada de envolvimento que culminou em assistência de Nuno Assis para remate frontal de fora da área de Miccoli. No último minuto da primeira parte, após falta sobre Petit à entrada da área, Simão marcou um livre à entrada da área contra o cotovelo de um jogador do Sporting que saíra antes de tempo da barreira; entre protestos e pedidos de penalty, a bola sobrou para Nuno Gomes que rematou rápido e rasteiro para mais uma boa defesa de Ricardo.

Com inteligência e calma (algo que terá faltado no Estádio das Antas já este ano, onde após recuperarem de uma desvantagem de 2-0 para 2-2, os benfiquistas ainda concederam a derrota nos instantes finais), aconteceu que os visitantes iam para o intervalo tranquilos e cientes que dificilmente a vitória lhes fugiria.

O Sporting fez duas trocas ao intervalo e a terceira ainda antes dos 70", mas poucas novidades trouxe ao jogo. Criou perigo em três lances (canto com boa defesa de Quim com um joelho, boa jogada de Nani que Bueno emendou com o braço ao primeiro poste sem que árbitro ou auxiliar anulassem e ainda um remate de Nani às malhas laterais), mas ficou sempre a ideia que o jogo estava decidido e controlado.

O Benfica segurava a bola melhor (a posse de bola passou para 52%-48%), sofria faltas que ainda originaram uns quantos cartões amarelos para o Sporting, inclusivé o segundo amarelo num lance em que Polga inexplicavelmente pontapeou Nuno Gomes. Contra 10, Nuno Gomes teve uma atitude ainda mais inexplicável na área adversária e ao fazer uma "tesoura" a João Moutinho que teve o devido tratamento do árbitro: vermelho directo para o avançado "encarnado".

O tempo esgotou-se sem mais golos, mas ainda com Djaló a desperdiçar a melhor oportunidade que o Sporting teve, obrigando Quim (que tinha estado à beira de ser substituido por Moretto duas vezes) à defesa da noite.

Ficha de jogo:

Estádio Alvalade XXI, 1 de Dezembro de 2006
Sporting, 0 - Benfica, 2

SPORTING:
Ricardo (6), sem culpas em nenhum dos golos, esteve bem sempre que foi chamado a intervir, quer com as mãos quer com os pés;
Miguel Garcia (4), foi regular a atacar mas abusou, como o resto da equipa, dos cruzamentos para cima de defesa adversária;
Polga (4), um jogador cheio de classe teve culpa no primeiro golo ao permitir que Ricardo Rocha corresse à sua frente para cabecear e mais tarde ao pontapear Nuno Gomes, vendo o segundo amarelo e ordem de expulsão; pelo meio, o jogador sóbrio e eficaz de sempre;o adversário soube sempre segurar o jogo
Tonel (4), regular e quase invisível; o adversário não lhe deu grande trabalho e não apareceu no ataque com em outros jogos;
Tello (6), esteve activo a tentar empurrar a equipa para o ataque e a fazer faltas quando o Benfica procurava contra-atacar; jogou com inteligência e acabou por nem sequer ser admoestado;
João Moutinho (6), é um jogador que não compromete, joga certo, mas não desiqulibra a favor do Sporting; ganhou mais bolas do que perdeu, mas não participou muito no jogo de ataque;
Cutódio (3), defendeu como era sua missão, mas esteve mal no lance do 0-2 ao "ir à queima" contra Simão que passou tranquilamente por ele; saiu ao intervalo por não ser útil à equipa;
Romagnoli (5), esteve bem e não se compreende bem porque terá saído ao intervalo; criou desiquilibrios, recuperou bolas, fez recuperações defensivas (inclusivé uma que deixaria Simão isolado) mas não foi suficiente para que o treinador o deixasse em campo;
Nani (4), é um jogador com talento mas que parece muitas vezes não saber o que fazer, não sendo objectivo e tendo dificuldades em soltar a bola; para além de um bom cruzamento e um remate às redes laterais, pouco fez;
Bueno (5), jogador com boa movimentação, criou o lance mais perigoso do Sporting na primeira parte e quase marcou (embora com a mão) na segunda; joga muito longe de Liedson e o seu entrosamento é relativamente baixo com o "levezinho";
Liedson (5), fez o seu jogo de segurar a bola e colaborar com os colegas, mas num jogo em que se abusou de "despejos" para a área adversária;
Carlos Martins (3), entrou ao intervalo, mas não conseguiu levar o Sporting ao golo, apesar de uma ou outra tentativa de remate exterior;
Yannick Djaló (3), controlado por Leo no lado direito, acrescentou velocidade mas perigo apenas a um minuto do fim, quanto rematou frontalmente perto da marca de penalty obrigando Quim a boa defesa;
Alecsandro (1), ainda jogou meia hora, mas não fez nada que justificasse mênção.

BENFICA:
Quim (6), é um guarda-redes que não dá confiança à equipa, nunca agarra uma bola nos cruzamentos, mas revela bons reflexos; fez a defesa da noite aos 89' e outra boa intervenção com o joelho no início da segunda parte;
Nélson (7), foi um grande impulsionador do ataque do Benfica pela ala direita; sendo muito rápido e ágil, é frequentemente melhor a atacar que a defender;
Luisão (6), é o partão da defesa do Benfica, até em noites que tem exibições discretas como a de hoje; compensa a falta de velocidade com bom posicionamento e toque de bola;o melhor em campo
Ricardo Rocha (8), um poço de força, cheio de atitude e decisão; depois de vários anos sem um único golo, marcou o segundo em três semanas e foi sempre rápido e simples a defender; foi o melhor em campo;
Léo (7), é provavelmente dos jogadores a actuar em Portugal, um dos que melhor entende o jogo, tornando muitas coisas fáceis mesmo contra adversário mais jovens, mais rápidos ou mais altos; um jogo ao seu estilo;
Petit (6), o "mouro de trabalho" do costume, sempre atento e pronto a distribuir jogo, ao contrário da maioria dos trincos que só destroem;
Katsouranis (6), esteve regular a defender e a integrar-se no ataque e foi, pela primeira vez na época, substituido, embora tal tenha acontecido aos 89';
Nuno Assis (6), entende bem o jogo e faz muito bem a "ponte" entre a defesa e o ataque; defende bem, ajudando um dos laterais com assiduidade;
Simão (8), além do excelente golo que marcou, é um jogador decisivo que está presente em todas as jogadas ofensivas, sendo um "vadio" para lá do meio-campo; a defender, não se furta ao esquema desenhado pela equipa técnica;
Nuno Gomes (4), estava no segundo poste em ambos os golos, mas esteve algo ausente, aparecendo apenas a segurar a bola no meio-campo, algo que faz com mestria, e, infelizmente, no lance em que mereceu o "vermelho directo";
Miccoli (5), jogando claramente diminuido, fixou sempre o "seu" marcador, jogando mais como pivot (fixo) do que em movimento, como é habitual; fez um passe excelente para Simão no segundo golo e foi "poupado" aos 70 minutos, recebendo uma grande salva de palmas;
Paulo Jorge (2), entrou a substituir o italiano e cumpriu, segurando a bola no frlanco direito;
Karagounis (1), entrou para o lugar do compatriota Katsouranis e esteve ainda em duas jogadas de ataque, sabendo pensar o jogo;
Beto (-), entrou só para queimar tempo e nem chegou a tocar na bola.

Golos:
0-1, Ricardo Rocha, 3';
0-2, Simão, 36'.

Disciplina:
CA, Anderson Polga, 40';
CA, Simão, 40';
CA, Katsouranis, 57';
CA, João Moutinho, 77';
CA + CV, Anderson Polga, 81';
CV, Nuno Gomes, 83'.

Arbitro:
Jorge Sousa (8), acertou mais do que errou, o que é uma virtude, mas não se soube impôr num jogo que até foi fácil; não havia necessidade de "amarelar" Polga e Simão por uma picardia, quando Bueno tinha feito pior a Leo; o amarelo a Katsouranis também parece excessivo e talvez Quim também merecesse um cartão por ser sempre algo vagaroso nas reposições.

OBS.: avaliação com notas de 1 a 10

2006-07-22

Le grand quoi ?...

O Tour de France é reconhecidamente a prova com maior prestígio em todo o calendário de ciclismo. No início de Julho, durante três semanas, um pelotão composto por cerca de 180 ciclistas percorre a França em cerca de cem horas.

Se é verdade que há outras provas que até são consideradas mais duras, como o Paris - Roubaix, nada se compara ao Tour. um traçado para proporcionar dificuldades a todos... A competição até tem alcunha: le grand boucle, ou seja, o "grande anel" ou, contextualizando um pouco, "a grande volta".

Mas este ano, após um período de domínio de Lance Armstrong que durou 7 anos (e que só foi verdadeiramente ameaçado em 2003 por Jan Ullrich, o alemão que nunca acabou a prova abaixo de quarto lugar e a venceu em 1997), esperava-se uma luta aberta em um naipe maior de corredores, onde pontificavam com maior destaque os vencedores do Giro d'Italia (Ivan Basso) e do Tour de Suisse (Jan Ullrich).

A caça estava aberta. Basso (Team CSC) e Ullrich (T-Mobile) como favoritos principais e um rol bastante extenso de pretendentes, como Vinokourov (Wurth), Heras (Wurth), Beloki (Wurth), Mancebo (AG2R), Botero (Phonak), Landis (Phonak), Hamilton (Phonak), Azevedo (Discovery), Popovich (Discovery), Hincapie (Discovery), Mayo (Euskatel), Zulbeldia (Euskatel), Kloden (T-Mobile) ou Valverde (Illes Balears). um alemão sempre favorito... Um leque amplo e deveras interessante. Muito interessante, mesmo.

Mas, com um senso de timing a roçar a perfeição e sem qualquer tipo de interesses escondidos (bolas, esqueci-me de pôr aspas...), foi divulgada na véspera da competição, após os testes de aptidão física feitos pela organização, uma lista de 56 corredores que, apesar de não haverem provas nem acusações formais, poderiam estar envolovidos com o Dr. Emiliano Fuentes no âmbito da mediática Operaccion Puerto. Para além do médico madrileno, a operação, que supostamente vai voltar a dar credibilidade ao ciclismo, já "vitimara" Manolo Saiz, patrão da entretanto extinta Liberty Seguros (transformada em Astana-Wurth e depois em Wurth) e a "sua" equipa.

Numa manhã (a de 30 de Junho de 2006), tudo se mudou.

Primeiro, Jan Ullrich e Oscar Sevilla (T-Mobile) foram suspensos preventivamente pela sua equipa, bem como o mentor do alemão, o belga Rudy Pevenage. um italiano trepador... Em algumas horas, Ivan Basso, Santiago Botero, Francisco Mancebo, Alexandre Vinokourov (não por implicação directa mas pelo facto da equipa não ter o número mínimo de atletas inscritos), Sérgio Paulinho, Joseba Beloki, Roberto Heras, Tyler Hamilton, entre outros, foram todos excluídos "silenciosamente".

Ficavam os outros. Até eram bons, muito bons.
Mas eram, definitivamente, "os outros".

E todos os dias houve emoção... desde fugas com meia-hora de avanço, um vencedor do Alpe d'Huez que fugiu do pelotão 6Km após a partida e andou fugido até à meta (para ganhar o maillot au poids, símbolo de "rei da montanha"), até quem perdesse 10 minutos (e o maillot jaune) num dia e recuperasse 8 no seguinte (está-se bem bem a ver a probabilidade disto acontecer com o peloton completo).

Parabéns a Floyd Landis (provável vencedor amanhã quando o Tour terminar nos Champs Elisées no coração de Paris), à T-Mobile (que começou com 7 atletas e acabou com 7, vencendo por equipas e mais três etapas - entre as quais, os dois contra-relógios, por Sergei Gonchar), a Michael Rasmussen (que provou poder vir a ser um digno sucessor de Richard Virenque) e a Robbie McEwen (novamente "rei dos sprints"). um americano triunfiante... p'ra variar ! Mas os parabéns são extensíveis a Damiano Cunego e Marcus Fothen, pela luta pelo maillot blanc (equivalente ao prémio da juventude), que o italiano venceu após uma fenomenal performance no contra-relógio de hoje.

Falando um momento do contra-relógio que decidiu a classificação geral, grandes resultados para Andreas Kloden (recuperou um lugar no pódio que, mesmo assim, lhe terá sabido a pouco), Oscar Pereiro (que ainda assim, não deu para manter a "amarela"), Floyd Landis (sem arriscar e após o esforço feito 48 horas antes, muito sólido e focado no seu objectivo), o já referido Cunego (que tinha menos de 10 segundos de vantagem de Fothen e acabou por ampliar essa vantagem) e o vencedor, o quase veterano Sergei Gonchar, único a "rolar" acima dos 50 Km/h de média.

Viva o Tour de France !!!
Viva Le Grand Boucle !...

Pode ser que, para o ano, volte a ser grand...

2006-06-30

O dia negro do adepto

Hoje, não sou cronista ou jornalista.
Sou "apenas" um fã, um adepto...

Hoje, a Argentina foi eliminada. Para mim, é a equipa que se mostra sempre mais ofensiva a com vontade de marcar golos, trocando a bola no meio-campo como se fosse um processo automático, chegando à área e baliza adversárias intermináveis vezes (por intermédio de Crespo, Maxi, Tevez, Messi, Riquelme, Sorin, etc.). argentina Mas o treinador (expoente máximo disso mesmo enquanto estava nas camadas jovens), chegou a seleccionador nacional e, depois de estar a ganhar à selecção "da casa", teve medo e retirou os seus maiores talentos ofensivos. Quem só defende, arrisca-se a perder (mesmo que seja nos penalties), e foi o que aconteceu à Argentina...

Mas pior, hoje de manhã ficou-se a saber que "meio pelotão" do Tour de France poderá ter ligações ao Dr. Emiliano Fuentes, o centro do Operaccion Puerto (a par do manager da Liberty Seguros, Manolo Saiz), investigação que decorre sobre a manipulação e uso de sangue de atletas com vista a um rendimento melhor em altitude; não houve controlos anti-doping positivos, não houve provas, mas há indicações de ligações entre muitos ciclistas e este médico madrileno. jan ullrich Um dos casos é o do meu favorito, Jan Ullrich, que depois de vencer o Tour de Suisse há menos de duas semanas, vê-se de fora da luta pelo lugar que conquistou em 1997. A par dele, Basso, Mancebo, Sevilla, Jaksche, Botero, Hamilton (e até o português Sérgio Paulinho) ficam numa lista de potenciais culpados, convidados a provar pelos seus meios uma inocência que poucos acreditam possível. O castigo pode ir até 4 anos de suspensão, diz a UCI. Mais um ano de espera ?!...

2006-06-26

Catenaccio apelativo

Há fãs do sistema italiano no arbitragem !!!
Ou será que "o sistema" existe mesmo ?!...

Que as cores das camisolas têm pesos diferentes, ninguém parece duvidar, mas o que se viu hoje foi um pouco para lá dos limites. já passei... já posso cair! Minutos depois de uma rasteira de Zambrotta à beira da área italiana ter passado impune, o lateral esquerdo italiano Grosso decidiu-se por uma rara investida pelo flanco e deu por si dentro da área adversária; ao ver o defesa australiano Neill deslizar à sua frente enquanto a bola passava ao lado dele, decidiu dar um passo por cima do (infeliz) australiano e deixar-se cair.

O peso da camisola fez o resto.
Isso e o pé direto de um Totti fora de forma.

Paciência, diz o futebol.
Quatro anos depois de o mesmo peso ter deitado abaixo a Espanha (dois golos limpos anulados) e a Itália (penalty não sancionado e correspondente expulsão de Totti) em prol de uma Coreia organizadora e carregada ao colo, fica no ar a ideia que pesos diferentes e medidas diferentes vão continuar a "medir" estes eventos.

prejudicados na coreia e beneficiados na alemanha

Correndo o risco de me repetir, digo: "Paciência!"

2006-01-28

A lei do mais fraco

Aconteceu de novo. Aquele que foi considerado o rival mais fraco e em pior forma, durante a semana que antecedeu este derby, venceu. E fê-lo sem problemas. Com alguns sobressaltos, é verdade, mas sem problemas.

simão nunca conseguiu escapar com sucesso à defesa do sporting...


O Benfica vinha de uma série de bons resultados (que para além da Liga e Taça, incluiam a eliminação do Manchester Utd da Liga dos Campeões após a vitória por 2-1 na Luz sobre os ingleses) a esperada 7ª vitória consecutiva não aconteceu. Porque o Sporting foi melhor e porque, valha a verdade, o Benfica foi pouco inteligente a segurar a vantagem (injustamente) conquistada.

O Sporting mandou sempre no meio-campo... com João Moutinho e Carlos Martins nos seus estilos habituais (Moutinho, certinho e enérgico e Martins, buliçoso e empreendedor), o Benfica nunca se adaptou. mais alto que a defesa encarnada... Principalmente porque Beto fez de Petit um homem só.

No resto, calma e classe de Polga vs insegurança de Alcides, velocidade e eficácia de Liedson vs incapacidade de Nuno Gomes, enfim, um conjunto de factores e exibições que fizeram do resultado algo normal, quando tal não se previa.

Na verdade, só a sorte do jogo poderia dar a vitória aos encarnados. E ela surgiu, num lance em que Custódio se faz mal à bola (que teve uma trajectória esquisita, diga-se) e a toca/desvia com o braço. Penalty bem transformado por Simão, a jogar "uns furos abaixo" do que nos habituou e do que se exige para um jogador do seu nível.

Mas chegou a segunda parte, e com ela a justiça do jogo e consequente descida à realidade. Em três lances, insegurança e falta de decisão puseram no marcador a diferença entre os conjuntos.

No primeiro, Beto não cobriu a bola convenientemente e, quando a tentou chutar (com toda a força que tinha, aparentemente), já Liedson a tinha desviado para a cabeceira. Penalty quase tão ridículo quanto visível para o fiscal-de-linha, que prontamente a indicou ao juiz principal. Sá Pinto atirou bem, Moretto adivinhou, e o Sporting atingiu o 1-1.

No segundo, Luisão deixou Liedson levar a bola para onde quis, deixou-o fintar "para dentro" em vez de o "convidar" a ir para a linha de fundo, e o brasileiro do Sporting fez um golo tão simples quanto bonito.

No terceiro, o "dois-em-um". Primeira asneira foi a de Alcides (inseguro desde o apito inicial) a perder a bola e depois Moretto a demorar uma eternidade a sair dos postes... o brasileiro que já tinha contornado Luisão no segundo golo, contornou mais dois brasileiros com calma e segurança, fechando o resultado.

Poderá parecer que só foi demérito do Benfica, mas não. O Sporting criou outras ocasiões de golo (na primeira e segunda partes) por mérito próprio e foi por mérito próprio que venceu o jogo. Curiosamente, o Benfica é que (também) perdeu por demérito próprio, porque quando o Sporting construiu lances de golo, por esta ou aquila razão o marcador não funcionou; foi só quando os encarnados "ofereceram" que os verdes-e-brancos "festejaram".

Ficha de jogo:

Estádio da Luz, 28 de Janeiro de 2006
Benfica, 1 - Sporting, 3

BENFICA:
Moretto (4), pouco interventivo e retraído no seu primeiro jogo entre "grandes"; mostrou inexperiência com o terceiro golo, depois de ter feito duas boas defesas na primeira parte;
Alcides (3), uma quase nulidade na marcação e posicionamento; ausente no ataque; culminou com a assistência para Liedson no terceiro golo;
Luisão (5), ficou "muito mal na fotografia" do segundo golo do Sporting, mas até então tinha sido dos poucos a revelar alguma calma e classe;
Anderson (5), ao contrário de Luisão, esteve estranhamente inseguro; sem comprometer, fez um jogo apagado;
Nelson (4), fora do seu lugar, não rende (nem a defesa esquerdo, nem a extremo direito); tem estofo de grande jogador, mas é ainda muito imaturo;
Beto (1), apenas ocupou espaço no meio-campo; perdeu bolas em vez de as conquistar e falhou passes a dois metros; claramente, o "pior em campo";
petit foi o único a conseguir suster o ímpeto do sporting... mas esteve em clara minoria !Petit (6), o melhor "encarnado" em campo, lutou o que pode, sem sucesso nem resultados práticos;
Giovanni (4), de novo sem posição fixa, não encontrou espaços para o seu tipo de jogo "diluindo-se" na defesa adverária;
Manduca (3), tal como o guarda-redes, acusou a inexperiência e passou ao lado do jogo sem ter feito nada de relevante;
Simão (5), marcou o penalty exemplarmente, mas em jogo jogado fez muito pouco, transportando algumas vezes a bola e ajudando na defesa;
Nuno Gomes (5), trabalhou perdido na defesa adversária, ganhando alguns lances e perdendo outros, mas sem criar o perigo que se prentendia;
Manuel Fernandes (3), meia-hora em campo a fazer o que Beto não tinha feito; ainda assim, o Benfica não ganhou o meio-campo;
Marcel (1), entrou mas foi como se não tivesse entrado;
Robert (1), doze minutos a jogar um jogo perdido.

SPORTING:
Ricardo (6), teve uma noite tranquila com pouco trabalho; mostrou mais do que uma vez a qualidade de jogo que tem com os pés; não teve hipóteses no penalty; guarda-redes seguro festou três golos dos colegas...
Abel (5), ganhou e perdeu lances, não comprometendo nem sendo factor de desiquilibrio, pode-se dizer que cumpriu;
Anderson Polga (7), tranquilo e senhorial, mostrou porque é provavelmente o melhor central a actuar em Portugal, com os pés principalmente;
Tonel (5), ao lado do brasileiro campeão do mundo, tudo parece mais fácil; e foi sobre essa condição que teve uma exibição certa;
Caneira (6), mostrou experiência e calma no regresso à Luz, na posição em que foi mais utilizado nesse período;
Custódio (3), presença discreta com algumas faltas a mais e passes perdidos; foi infeliz no penalty, uma vez que o toque é notório mas parece involuntário;
João Moutinho (6), fechou bem a zona média e avançou sempre que pode, mostrando que é um jogador em crescimento;
Carlos Martins (6), tal como o seu colega do meio-campo, recuperou e municiou o ataque, na zona onde o Sporting mandou no jogo;
Sá Pinto (4), foi um capitão sem nível; sendo a referência dentro de campo para os colegas, protestou demais, perdeu bolas demais e foi incorrecto (mais do que uma vez) para com o público e banco benfiquista; por pouco permitia a defesa de Moretto no penalty que transformou;
Deivid (5), perdeu alguma da confiança que tinha no início da época, dada a menor utilização, mas é um jogador de classe, embora o tenha mostrado apenas a espaços;
liedson silenciou o estádio da luz Liedson (8), o "levezinho" foi a estrela da companhia, pelos dois golos cheios de mérito pessoal e pelo que trabalhou em acções de ataque e defesa; ganhou algumas bolas mas principalmente obrigou a defesa adversária a perder ou afastar a bola sem construir ataque; foi o melhor em campo;
Nani (4), entrou fresco para o lugar de Carlos Martins e o Sporting manteve o domínio a meio-campo; não teve grandes rasgos;
João Alves (2), entrou para segurar o meio-campo, quando o Benfica tentou atacar; esteve discreto no pouco tempo em campo;
Miguel Garcia (-), entrou nos descontos para queimar tempo.

Golos:
1-0, Simão, 28' (g.p.);
1-1, Sá Pinto, 65' (g.p.);
1-2, Liedson 74';
1-3, Liedson 83'.

Disciplina:
CA, Caneira, 34';
CA, Petit, 88';
CA, Anderson Polga, 90'.

Arbitro:
Pedro Henriques (10), espectacular sem se ter dado por ele (é isto que se pretende de um árbitro); se errou em uma ou duas faltas a meio campo, foi muito, porque ele foi um modelo de perfeição; além do mais, a forma como dialoga com os jogadores e árbitros assistentes, ajuda-o a manter todo o jogo sob controlo, dando a ideia de que, como ele, os jogadores não se queixam... falam.
Os árbitros assisntentes ajudaram à perfeição, uma vez que não notámos nenhuma decisão errada nos foras-de-jogo e foi um destes que assinalou (bem) o penalty cometido por Beto sobre Liedson. Exibição exemplar.

OBS.: avaliação com notas de 1 a 10